quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Pensamentos de Off Season forçado

Mais um ano, e nada mais piegas que um post de fim de ano. Azar de vocês, eu não aguentei. Então lá vai.

Em primeiro lugar estou comemorando que atingi minhas metas junto ao triathlon esse ano. Apesar de não ter conseguido acabar a prova de Clearwater por causa do acidente, o simples fato de ter classificado já foi satisfatório, ou como gosto de dizer: "Bastante Razoável". (Só quem vai a padoca no sábado é que consegue entender essa expressão.)

De qualquer maneira esse era um dos objetivos de 2010. O Outro era ganhar uma etapa do Troféu Brasil de Triathlon, para mim o mais importante circuito brasileiro. Venci duas e só não estive no pódio em duas etapas, uma que não terminei por um pneu furado e a última etapa que não participei por causa do ombro quebrado. Ficou uma sensação de quero mais. Tinha condições de ganhar o campeonato, mas fiquei em terceiro. Quem sabe o ano que vem.

Mas chega de falar de mim, gostaria de falar sobre os treinos e motivos que levam cada um a fazer essa loucura que se chama triathlon. Ficar um mês sem treinar abriu os olhos para algumas coisas, assim como ver meus amigos competindo (ou completando) a prova de Pirassununga. 

Triathlon é saúde. É nossa válvula de escape, esporte, competição, superação. Temos entre nós os mais variados tipos de pessoas, com habilidades diferentes e personalidades não menos diversas. Convivemos bastante juntos e nem sempre estamos todos na mesma sintonia o tempo todo. Temos nossas angústias, objetivos, problemas pessoais, profissionais, e também os dias bons em que queremos dividir nossas alegrias. Nem sempre somos tolerantes com os outros, mas deveríamos ser.

O tempo das provas é importante mas não deve ser o medidor absoluto do sucesso de cada um. Ninguém, além do próprio atleta sabe das dificuldades e limitações que experimentamos para treinar. Num grupo de vários atletas de mesma habilidade física podemos ter resultados muito diversos e isso reflete o momento de vida de cada um. Filhos, trabalho, família, disponibilidade de tempo e financeira afetam de maneira significativa os treinos e resultados de provas. 

Você entra numa prova para fazer tempo e testar seus limites? ótimo, eu também. E você, para completar a prova e vencer o desafio sem expectativas de resultados a não ser a linha de chegada? Excelente. Voltando para vencer uma lesão? Para estar junto dos amigos e comemorar a vida e sua saúde? Para mostrar para você mesmo (e aos outros, por que não?) que pode, que consegue? Tudo isso é justo. O que não é justo é julgar os resultados dos outros somente pela sua ótica de objetivos.

Quem faz provas de maneira competitiva, tentando ganhar sempre e em busca do seu melhor tempo vai invariavelmente quebrar uma vez ou outra. Se isso não acontecer é porque não está fazendo força suficiente. Devemos questionar ou pior, criticar isso? Não, de maneira nenhuma. Quando isso acontece aprendemos algo muito importante sobre nossos limites e seremos muito mais fortes na próxima vez.

Por outro lado devo considerar como um atleta inferior aquele que só tem o objetivo de cruzar a linha de chegada? Claro que não, bem pelo contrário. Não é preciso lembrar que uma das coisas mais emocionantes de um ironman é que os profissionais voltam a linha de chegada em vários momentos para receber os amadores mais lentos. É uma tradição os vencedores da prova voltarem para saudar os últimos competidores que completam o percurso no limite de tempo, e o objetivo disso é mostrar que todos que cruzam aquela linha de chegada são vencedores. 

Nos treinos não é diferente, as vezes estamos bem e queremos fazer mais força do que é o planejado, outras vezes precisamos ficar na roda por mais tempo que o normal. Sem problema. Um dia estava me recuperando de uma prova e fui pedalar no pelotão das meninas. Quando me perguntaram porque estava lá respondi que estava cansado! Burrice, grosseria, não se faz isso. A maioria entendeu o que queria dizer, mas alguém menos avisado pode achar essa resposta arrogante. Como quase todas me conhecem bem, não acharam ruim ter um homem para puxar o treino todo.

O quero dizer é que até sem querer fazemos comentários que podem ofender alguém, ou alguma brincadeira um pouco mais pessoal que possa ser mal entendida. Portanto, enquanto não traço os objetivos para 2011 vou deixar esse para vocês me cobrarem a partir de agora, ser mais agradável e tolerante com meus companheiros de treino. Alguém topa entrar nessa?

Fui... com uma vontade enorme de voltar a treinar com todos, falta pouco

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Under Construction

Fui razoavelmente bem atendido no hospital de Clearwater. Todos foram simpáticos, mas não mais que medianamente competentes. Levei ainda alguns dias para resolver as pendências de seguro e algumas ligações entre o hospital e a seguradora, mas correu tudo bem.

Como tinha programado alguns dias em Orlando, não vi muito sentido em cancelar essa parte da viagem e fui para lá com uma boa turma de amigos. Vale comentar aqui o apoio de todos que estavam em Clearwater e depois em Orlando. O Pedro Fernandes e Eduardo Sarham que foram me buscar no hospital, pegaram a bike e as sacolas. A Nilma Machado que percebeu minha ausência na prova e comunicou os outros. O apoio em vários momentos dos companheiros de viagem; Ricardo Gaspar e Ana, Fernanda Garcia, Felipe Guedes, Igor Amoreli, Adriano Sachetto, Rodrigo, entre outros. O apoio da Mariana ao coordenar as informações no facebook, em constante contato via rádio com o Pedro e o Sarham e meu irmão Alcy em Curitiba. Foi incrível perceber quantos amigos estavam me acompanhando pela internet no ironman live e também no facebook. A partir do momento que meus parciais sumiram do site todos começaram a se perguntar o que tinha ocorrido e o óbvio apareceu. Se você está acompanhando alguém e ele some depois do primeiro parcial do ciclismo só há uma coisa a fazer; torcer que não tenha sido muito grave. Meu celular estava no hotel e o Nextel na sacola que pegaria depois da chegada. No hospital tive muito tempo para pensar em como todos iriam reagir com a falta de notícias.

Chegando em São Paulo na quinta-feira é que as coisas começaram a acontecer de fato e aí mais amigos foram fundamentais. O Daniel Blois nem se fala (acho que ele estava preocupado em perder o companheiro de treino) me indicou o ortopedista de ombro, Dr Gustavo, que me atendeu no dia seguinte. O Daniel é radiologista e na sexta feira fiz os exames (ressonancia do ombro) as 9:00 e antes de eu chegar no escritório as imagens já estavam com o Dr.Gustavo, com meu irmão Alcy (também ortopedista) e com o próprio Daniel. Os três se comunicaram e decidiram todo o tratamento em questão de minutos. No fim da tarde fui ao consultório do Gustavo apenas para ele me orientar e explicar o que aconteceu.

Diagnóstico e tratamento: Fratura na Glenóide de cima a baixo no ombro esquerdo e mais uma (ou a mesma) no corpo da escápula. Como o afastamento do fragmento foi mínimo, optamos por tratamento convencional, sem intervenção cirúrgica ( estou aprendendo a escrever em mediques). Imobilização até dia 11/12 e começo da fisioterapia no dia 13/12. Duas semanas de fisio todos os dias e farei uma radiografia no dia 22/12 e devo ser liberado na consulta do dia 23/12. Ou seja, antes do que eu esperava.

Treinos: A partir do dia 13/12 começo três modalidades, fisioterapia para retomar os movimentos do ombro e braço, rolo (aparelho que permite pedalar com a minha bicicleta parado em casa) e transport (aparelho eliptico que simula o movimento da corrida sem impacto). A idéia é não perder muito preparo depois de quatro semanas sem fazer absolutamente nenhum exercício. Antes do natal começo o trabalho de musculação para retomar a força. Só irei pedalar na rua novamente no momento que estiver bastante seguro da minha musculatura e movimentação do braço esquerdo. É uma questão de segurança, o controle da bicicleta depende disso, é preciso estar bem e com os reflexos apurados.

Para completar, foi um mês diferente, de muitas angústias e espera. Correu tudo bem e agora é levantar a cabeça e começar a treinar forte. Em maio tem o ironman Brasil e estarei lá. Não sei se mais forte ou mais fraco que agora, mas o mais forte que conseguir. 

Fui... com muita vontade de treinar