quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Trofeu Brasil na USP e Ironman 70.3 em Penha - parte 2


Terça-feira, 24 de agosto de 2010. São 7:30 e estou acordado a mais de uma hora pensando no que fazer. Quando se mora sozinho o que mais sobra é tempo pra pensar. Enquanto cozinho, carrego a máquina de lavar, banho, tv, etc. Era dia de pedal na USP, mas decidi não ir. Não era hora de gastar energia a toa.

Incrível, mas a rotina de acordar terça e quinta as 4:45 para pedalar me fez despertar sem nem colocar o alarme. Pensei por alguns instantes em levantar e pegar a bike, mas resolvi seguir o plano e voltei a dormir. Ainda no banho as 7:30, continuo pensando no que fazer. A orientação do Emerson foi que mudasse minha alimentação antes da prova, com uma ingestão absurdamente maior de calorias para evitar problemas com o frio. Troquei o pedal por duas horas de spining na academia nesse dia, mas ainda tinha que testar a alimentação. Resolvi então mudar minha agenda e tomar café-da-manhã as 9:30h. Fui para o escritório e aproveitei para tomar café por lá e ver se o suplemento hiper calórico iria descer em três horas. Iria também testar nas duas horas de spining a ingestão de gel junto com a barra energética. Tudo ou nada.

Deu certo. Não senti nenhum desconforto e as 6:30h de sábado lá estava eu na cozinha do hotel Itapocorói, em Penha, preparando meu super shake mega calórico com banana, no liquidificador emprestado pelas cozinheiras que ficaram mega felizes com minha presença e piadas logo cedo. 

O hotel Itapocorói merece uma menção a parte. A maioria dos meus amigos ficou no hotel Vila Olaria, incluindo meu irmão. Preferi ficar no Itapocoroi pois já conhecia os dois. Estar perto do mar e da largada é essencial na minha opinião. A equipe do hotel é muito bacana, Daniel, Priscila, as cozinheiras, todos já me conheciam do ano passado e foi bom ter rostos familiares por perto. A Nilma e o Neto também estavam por lá, o que foi bacana. Uma das lembranças de Penha que sempre terei são os desenhos dos alunos das escolas públicas que são enviados para os atletas.

Nesse ano recebi um desenho de um garoto de 15 anos, que dizia "tomara que você ganhe a prova" com uma bicicleta desenhada na paisagem de Penha, muito legal. Fiquei pensando que mal sabia ele que quem pegou o desenho dele não tinha a menor chance de ganhar. Mas isso depende do conceito de ganhar, e pensando bem acho que ganhei sim.

Na quarta-feira, dia 25 peguei a estrada com o Marcos Pereira, companheiro de treino na MPR, e grande parceiro de pedaladas em Romeiros. O Marcos é o cara com quem mais treinei esse ano, e ver a evolução do pedal dele durante o ano foi gratificante. A corrida então nem se fala. Quando começamos a treinar mais tempo juntos ele estava voltando de uma lesão e bem fraco, hoje a história é outra. Vai dar trabalho pra turma. Era a primeira vez que iria participar de um 70.3 e claro que estava bem ansioso. Fez uma ótima prova apesar de achar que não. Provas longas são feitas de detalhes e a experiência conta muito, reconhecer quando o corpo está precisando de atenção é difícil, mas as lições vão ficando e nos tornando mais espertos.

Chegamos a Curitiba e no dia seguinte saímos para Penha, não sem antes passar numa casa de câmbio e comprar os 325 dólares para uma possível inscrição para o mundial em Clearwater. A prova de Penha é da chancela Ironman 70.3 e dá 50 vagas para o mundial de Ironman 70.3 que acontece anualmente em Clearwater - FL. É uma peneira difícil de passar. Na minha categoria, por exemplo, tinha 105 inscritos para 5 vagas. Eu estava indo lá com o objetivo de pegar uma dessas vagas.

Chegamos lá e depois de nos instalar-mos, cada um em seu hotel, incluíndo meu irmão Alcy, que veio entrou na caravana em Curitiba e estava lá para tentar pela primeira vez esse desafio. Fomos almoçar e já tivemos a companhia da Nilma e Neto, casal de Botucatu que conheci ano passado nesse mesmo lugar. Combinamos um pedal para testar as bikes as 16:30 e tiramos aquela foto lá de cima depois disso. Da esquerda para direita, Artur (RJ), Marcos Pereira (SP), Nilma (Botucatu-SP), eu (SP) e Alcy (Curitiba - PR).

A Prova:

Vou correr o risco de ser óbvio mas irei dividir a prova em três partes: natação, ciclismo e corrida. Não tem como ser diferente.

Mas primeiro o objetivo disso tudo. Ano passado fiquei por duas vagas para o mundial. Isso que o número de vagas era maior e a quantidade de atletas menor. Para se ter uma idéia, na categoria de 40-44 anos, que é a que participo, o número passou de pouco menos de 80 para 105 atletas e o tempo do primeiro colocado esse ano foi de 4:08h e no ano passado um pouco mais de 4:30. Eu já sabia que a coisa ia ser difícil, mas mesmo assim estava determinado a conseguir. O número de vagas disponíveis para minha categoria era de 5 contra 8 no ano passado. Fiz algumas contas e cheguei a conclusão que com 4:40h conseguiria a vaga sem depender de ninguém, ou seja, ficaria em quinto lugar.

Conversei com o Emerson duas semanas antes da prova contando dessa minha brilhante conclusão e que minha estratégia seria sair com no máximo 3:00 do T2 (transição do ciclismo para corrida). Ele me deu um olhar meio descrente, mas eu sabia que não era tanta loucura assim, era só não bobear. Largar bem na frente na natação e sair da água com 30min, 2:25h de pedal e 5min para as transições. Depois é só fazer o que sei, correr para algo entre 1:35h e 1:40h. Fácil - no papel.

Objetivos são interessantes. Escrevi sobre metas e objetivos em um outro post o ano passado. No começo do ano, conversando com uma grande amiga que anda temporariamente afastada do meu convívio, contei em segredo que tinha duas grandes metas para 2010. A primeira, que considerava mais fácil, era classificar para Clearwater. Naquela época achava isso, não sabia que o número de inscrições seria tão alto nem que seriam menos vagas. A segunda meta, essa sim bastante ambiciosa seria ganhar uma etapa do Troféu Brasil na categoria Elite 40-44. Para minha surpresa, a vitória no Troféu Brasil veio cedo, já na segunda etapa em Santos e ainda com a quebra de um record pessoal. Agora só faltava a meta "fácil" - sei...

Fui... não foi nada fácil

2 comentários:

  1. Opa!
    Valeu pela lembrança no post e também pelos treinos juntos!

    Agora Bora pra Romeiros fazer força até Clearwater!!!

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  2. Bora pra Romeiros Marquihos. Agora vocês vão ter que me ajudar a continuar treinado até novembro.

    Que venha Clearwater!

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