quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Pensamentos de Off Season forçado

Mais um ano, e nada mais piegas que um post de fim de ano. Azar de vocês, eu não aguentei. Então lá vai.

Em primeiro lugar estou comemorando que atingi minhas metas junto ao triathlon esse ano. Apesar de não ter conseguido acabar a prova de Clearwater por causa do acidente, o simples fato de ter classificado já foi satisfatório, ou como gosto de dizer: "Bastante Razoável". (Só quem vai a padoca no sábado é que consegue entender essa expressão.)

De qualquer maneira esse era um dos objetivos de 2010. O Outro era ganhar uma etapa do Troféu Brasil de Triathlon, para mim o mais importante circuito brasileiro. Venci duas e só não estive no pódio em duas etapas, uma que não terminei por um pneu furado e a última etapa que não participei por causa do ombro quebrado. Ficou uma sensação de quero mais. Tinha condições de ganhar o campeonato, mas fiquei em terceiro. Quem sabe o ano que vem.

Mas chega de falar de mim, gostaria de falar sobre os treinos e motivos que levam cada um a fazer essa loucura que se chama triathlon. Ficar um mês sem treinar abriu os olhos para algumas coisas, assim como ver meus amigos competindo (ou completando) a prova de Pirassununga. 

Triathlon é saúde. É nossa válvula de escape, esporte, competição, superação. Temos entre nós os mais variados tipos de pessoas, com habilidades diferentes e personalidades não menos diversas. Convivemos bastante juntos e nem sempre estamos todos na mesma sintonia o tempo todo. Temos nossas angústias, objetivos, problemas pessoais, profissionais, e também os dias bons em que queremos dividir nossas alegrias. Nem sempre somos tolerantes com os outros, mas deveríamos ser.

O tempo das provas é importante mas não deve ser o medidor absoluto do sucesso de cada um. Ninguém, além do próprio atleta sabe das dificuldades e limitações que experimentamos para treinar. Num grupo de vários atletas de mesma habilidade física podemos ter resultados muito diversos e isso reflete o momento de vida de cada um. Filhos, trabalho, família, disponibilidade de tempo e financeira afetam de maneira significativa os treinos e resultados de provas. 

Você entra numa prova para fazer tempo e testar seus limites? ótimo, eu também. E você, para completar a prova e vencer o desafio sem expectativas de resultados a não ser a linha de chegada? Excelente. Voltando para vencer uma lesão? Para estar junto dos amigos e comemorar a vida e sua saúde? Para mostrar para você mesmo (e aos outros, por que não?) que pode, que consegue? Tudo isso é justo. O que não é justo é julgar os resultados dos outros somente pela sua ótica de objetivos.

Quem faz provas de maneira competitiva, tentando ganhar sempre e em busca do seu melhor tempo vai invariavelmente quebrar uma vez ou outra. Se isso não acontecer é porque não está fazendo força suficiente. Devemos questionar ou pior, criticar isso? Não, de maneira nenhuma. Quando isso acontece aprendemos algo muito importante sobre nossos limites e seremos muito mais fortes na próxima vez.

Por outro lado devo considerar como um atleta inferior aquele que só tem o objetivo de cruzar a linha de chegada? Claro que não, bem pelo contrário. Não é preciso lembrar que uma das coisas mais emocionantes de um ironman é que os profissionais voltam a linha de chegada em vários momentos para receber os amadores mais lentos. É uma tradição os vencedores da prova voltarem para saudar os últimos competidores que completam o percurso no limite de tempo, e o objetivo disso é mostrar que todos que cruzam aquela linha de chegada são vencedores. 

Nos treinos não é diferente, as vezes estamos bem e queremos fazer mais força do que é o planejado, outras vezes precisamos ficar na roda por mais tempo que o normal. Sem problema. Um dia estava me recuperando de uma prova e fui pedalar no pelotão das meninas. Quando me perguntaram porque estava lá respondi que estava cansado! Burrice, grosseria, não se faz isso. A maioria entendeu o que queria dizer, mas alguém menos avisado pode achar essa resposta arrogante. Como quase todas me conhecem bem, não acharam ruim ter um homem para puxar o treino todo.

O quero dizer é que até sem querer fazemos comentários que podem ofender alguém, ou alguma brincadeira um pouco mais pessoal que possa ser mal entendida. Portanto, enquanto não traço os objetivos para 2011 vou deixar esse para vocês me cobrarem a partir de agora, ser mais agradável e tolerante com meus companheiros de treino. Alguém topa entrar nessa?

Fui... com uma vontade enorme de voltar a treinar com todos, falta pouco

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Under Construction

Fui razoavelmente bem atendido no hospital de Clearwater. Todos foram simpáticos, mas não mais que medianamente competentes. Levei ainda alguns dias para resolver as pendências de seguro e algumas ligações entre o hospital e a seguradora, mas correu tudo bem.

Como tinha programado alguns dias em Orlando, não vi muito sentido em cancelar essa parte da viagem e fui para lá com uma boa turma de amigos. Vale comentar aqui o apoio de todos que estavam em Clearwater e depois em Orlando. O Pedro Fernandes e Eduardo Sarham que foram me buscar no hospital, pegaram a bike e as sacolas. A Nilma Machado que percebeu minha ausência na prova e comunicou os outros. O apoio em vários momentos dos companheiros de viagem; Ricardo Gaspar e Ana, Fernanda Garcia, Felipe Guedes, Igor Amoreli, Adriano Sachetto, Rodrigo, entre outros. O apoio da Mariana ao coordenar as informações no facebook, em constante contato via rádio com o Pedro e o Sarham e meu irmão Alcy em Curitiba. Foi incrível perceber quantos amigos estavam me acompanhando pela internet no ironman live e também no facebook. A partir do momento que meus parciais sumiram do site todos começaram a se perguntar o que tinha ocorrido e o óbvio apareceu. Se você está acompanhando alguém e ele some depois do primeiro parcial do ciclismo só há uma coisa a fazer; torcer que não tenha sido muito grave. Meu celular estava no hotel e o Nextel na sacola que pegaria depois da chegada. No hospital tive muito tempo para pensar em como todos iriam reagir com a falta de notícias.

Chegando em São Paulo na quinta-feira é que as coisas começaram a acontecer de fato e aí mais amigos foram fundamentais. O Daniel Blois nem se fala (acho que ele estava preocupado em perder o companheiro de treino) me indicou o ortopedista de ombro, Dr Gustavo, que me atendeu no dia seguinte. O Daniel é radiologista e na sexta feira fiz os exames (ressonancia do ombro) as 9:00 e antes de eu chegar no escritório as imagens já estavam com o Dr.Gustavo, com meu irmão Alcy (também ortopedista) e com o próprio Daniel. Os três se comunicaram e decidiram todo o tratamento em questão de minutos. No fim da tarde fui ao consultório do Gustavo apenas para ele me orientar e explicar o que aconteceu.

Diagnóstico e tratamento: Fratura na Glenóide de cima a baixo no ombro esquerdo e mais uma (ou a mesma) no corpo da escápula. Como o afastamento do fragmento foi mínimo, optamos por tratamento convencional, sem intervenção cirúrgica ( estou aprendendo a escrever em mediques). Imobilização até dia 11/12 e começo da fisioterapia no dia 13/12. Duas semanas de fisio todos os dias e farei uma radiografia no dia 22/12 e devo ser liberado na consulta do dia 23/12. Ou seja, antes do que eu esperava.

Treinos: A partir do dia 13/12 começo três modalidades, fisioterapia para retomar os movimentos do ombro e braço, rolo (aparelho que permite pedalar com a minha bicicleta parado em casa) e transport (aparelho eliptico que simula o movimento da corrida sem impacto). A idéia é não perder muito preparo depois de quatro semanas sem fazer absolutamente nenhum exercício. Antes do natal começo o trabalho de musculação para retomar a força. Só irei pedalar na rua novamente no momento que estiver bastante seguro da minha musculatura e movimentação do braço esquerdo. É uma questão de segurança, o controle da bicicleta depende disso, é preciso estar bem e com os reflexos apurados.

Para completar, foi um mês diferente, de muitas angústias e espera. Correu tudo bem e agora é levantar a cabeça e começar a treinar forte. Em maio tem o ironman Brasil e estarei lá. Não sei se mais forte ou mais fraco que agora, mas o mais forte que conseguir. 

Fui... com muita vontade de treinar

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Fim de temporada

Acabou... esse ano esportivo já era para mim. Aproveito para fazer uma reflexão de como foi positivo. Vamos começar por Clearwater 2010, Mundial de Ironman 70.3, prova super seletiva em que você deve conseguir classificação em uma das muitas etapas que ocorrem no mundo todo.

Minha classificação veio no Ironman Brasil 70.3, e no dia 09 de novembro embarquei para Clearwater, Flórida.

Vou contar as partes que vocês ainda não sabem. Começa com um barulho seco, nunca vou conseguir descrever corretamente, mas parecia que algo estava me levantando no ar e arremessando com toda a força contra o asfalto quente e áspero daquele viaduto.

Dor...... confusão..... mais dor..... meu corpo escorrega no chão e lembro perfeitamente de pensar nas marcas que irão ficar, mais um pouco de dor. Como o tempo passa devagar, de repente a relatividade parece evidente e você vive intensamente aqueles poucos segundos e a quantidade de pensamentos, reações e sentimentos é descomunal. Mais alguns instantes de angústia e estou deitado no asfalto, de lado, apoiado naquilo que acho que ainda é meu braço esquerdo, posição fetal. Tenho medo de levantar, estou de olhos fechados, dor de novo. Abro os olhos e alguém fala em um Inglês carregado de sotaque alemão "você está bem?" consigo responder que não, preciso de uma ambulância. Silêncio..... algumas bicicletas passam e me dizem coisas que  não consigo registrar. Vamos sair do meio da estrada, é perigoso, me fala o alemão, não consigo levantar e ele me ajuda a rastejar de lado até um local mais ou menos seguro. Você vai continuar a prova? Minha resposta é não. Furei dois pneus e estou sem estepe, posso pegar sua roda traseira? Pega meu pneu reserva, respondo. Mas o seu é tubular ele insiste, o meu é clincher, eu posso terminar a prova e você não, posso pegar sua roda? Dor, confusão... será que estou ouvindo bem? Nesse momento consigo sentar e vejo minha bicicleta a uns quinze metros de distância, deitada, a roda da frente para cima e o pneu fora do aro. Fecho o olho e deito de costas. Algo incrível quando se cai de bicicleta é que o calor é insuportável. Você está fazendo exercício a mais de 35km/h e tem vento o tempo todo, quando cai, a temperatura vai para o espaço, pressão cai, e uma confusão bate na cabeça. Posso pegar sua roda? Me desculpe mas nesse momento a última coisa que vou pensar é nisso, não pode. Sento novamente e chega uma moto da organização. Você está bem? Não. A Ambulância já está vindo. Qual seu nome?, respondo, idade, ok, data de nascimento (vou ouvir isso mais umas quarenta vezes durante o dia, aparentemente é a forma de ver se estou bem) você vai continuar na prova? não. Então preciso recolher seu chip, posso retirá-lo? Sim. Estou sentado, não sei como, mas estou e começo a olhar para meu corpo. Alguém tira meus óculos e a bicicleta é trazida para perto. Olho meu braço esquerdo.... uma bola no cotovelo, parecia um osso saltado, achei que era uma fratura exposta que estava pronta para romper a pele. De repente movo os dedos sem dor, ué? Giro o braço, nada, dobro e estico, nada, na falta de coisa melhor pra fazer enfio o indicador direito na bola e era só um inchaço da pancada, pode estar quebrado, mas não é tanto assim. Olho para o ombro e está em carne viva, o mesmo para o cotovelo, coxa, joelho, canela e parte superior das duas mãos. Chega a ambulância. Onde dói? Em tudo. Preciso que seja mais objetivo. Ok ok, ombro esquerdo e cotovelo, possivelmente fraturados (começo a agradecer por falar inglês bem) Você está com o capacete quebrado, deite que irei retirá-lo, não se mova, nós faremos tudo. Pegam na minha nuca, me deitam no chão. Consegue esticar as pernas? Pronto. Sou todo imobilizado. Nesse momento a dor começa a aumentar exponencialmente, está ficando insuportável. Deve ter levado uns vinte minutos para me colocarem na ambulância. Antes da última amarração consigo apalpar minha clavícula com a mão direita, está inteira, ufa.

Ar condicionado dentro da ambulância, ufa. Agora estou deitado e o paramédico vem fazendo quinhentas perguntas e me acalmando ao mesmo tempo. Você está com dor? Posso lhe dar algo se quiser. Por favor, manda o que tiver aí. Ele faz o acesso intra venoso com a ambulância em movimento, não senti nada. Vamos combinar que errar as minhas veias também é difícil. Uma ampola... melhor? não. Segunda... melhor? nope, então vamos lá terceira e aí começa a aliviar. 

Lembro perfeitamente da orientação pré prova durante o jantar da sexta feira. O diretor técnico do ciclismo alerta que pelotões irão ocorrer, que é difícil controlar (por isso a prova está mudando para Las Vegas no ano que vem, aparentemente com mais subidas a coisa fica melhor) e que os acidentes irão ocorrer nos pelotões. Mas vocês atletas podem evitar tomando a opção de não ficar nos pelotões. Durante 80km consegui evitar problemas ficando longe dos pelotões. Quatro grandes me passaram, com mais ou menos 30 a 50 atletas em cada. Uma carnificina. Fiquei longe de todos. Justamente no lugar mais largo da prova, um pelotão enorme me alcançou e como tinha espaço foi alargando e muito contato lateral até que me pegaram e fui jogado para o lado. Organização da Ironman - tomei a opção correta e não foi suficiente, vamos acordar. 

Mais tarde continuo porque não é fácil digitar com uma mão só... fui

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Minha bicicleta

Já faz um mês do último post. Longo inverno pós o 70.3 de Penha. Bateu uma ressaca e excesso de trabalho. Voltei logo aos treinos para Clearwater (mundial de Ironman 70.3) que será dia 13 de novembro, mas foi difícil de embalar. Mesmo assim o que vou escrever hoje é sobre a bicicleta e o que ela significa pra mim.

Me lembro perfeitamente do primeiro dia que andei sem as famosas rodinhas. Tinha uma bicicleta pequena vermelha, possivelmente caloi, e meu pai me deu um pouco de ajuda no começo e desci a pequena rampa da saída da casa da esquina da Reinaldino de Quadros que, naquela época ainda era de terra. Andei por talvez uns 100 metros em direção a obra dos edifícios que ficam na esquina da Souza Naves com Pe.Germano Mayer. Ao fim da minha primeira jornada não sabia como fazer a curva e assim levei o primeiro de muitos tombos. Como poderia esquecer? Impossível. É a bicicleta, o símbolo máximo da minha infância. Meu meio de transporte, diversão, esporte, brincadeiras.

São momentos mágicos. Os dias de verão que recebiam no fim da tarde aquele famoso temporal e saímos para andar de bicicleta pelas ruas do bairro e voltávamos pingando - e sem freio também. As idas a natação na academia. Quando tínhamos as meninas para brincar juntos, fazíamos um misto de brincadeira de casinha e bicicleta, saindo de "casa" para trabalhar e voltar mais tarde e participar também das brincadeiras delas. Era ótimo. Certa vez meu grande amigo de infância, Marcos André, teve a feliz idéia de dar um susto em sua irmã e combinamos de passar um em cada direção em lados opostos a toda velocidade. O que não contávamos é que um dos dois errou o lado e batemos de frente sob os olhos admirados da Michele. Em outro dia estava na garupa da bicicleta dele e pedi que não descesse rápido da calçada e a próxima lembrança que tenho é do meu incisivo central direito quebrado (quem nunca viu é só prestar atençao na próxima vez que me encontrar). Para completar nossas peripécias saímos a noite para tocar a campainha dos vizinhos e nos esconder e numa dessas vezes tivemos que simular um tombo de bicicleta pois o vizinho resolveu fazer guarda em frente da casa e já estava no horário do jantar. Se colou não sei, mas foi ridículo simular choro rindo.

Depois vieram as bicicletas BMX. O primeiro a ter foi o Dudu, fazíamos um circuito na rua com rampas de madeirite "emprestadas" de alguma obra e tijolos da mesma origem. Cronometrávamos a volta e assim passávamos horas do nosso dia, tentando ser mais rápidos e acabando com o que restava de pele em nossos joelhos e canelas a cada tombo.

Teve também, um pouco antes, a época das Caloi 10. Eu tinha uma, o Marcos tinha uma peugeot azul e o Dudu uma Monark laranja. tínhamos um circuito pelas ruas do bairro e novamente saímos cronometrando as voltas. Pena que naquela época não pensávamos em andar em pelotão.

Sempre gostei de ferramentas e as manutenções eram feitas em casa. Claro que ter três irmãos mais velhos e um pai com uma caixa de ferramentas equipada ajudou muito. Mas aprendi a fazer quase tudo, desde regular freios, trocar e remendar câmeras, regular a tensão da corrente, lavar, limpar, lubrificar, o que tivesse que ser feito. Regulagem do câmbio era um pouco mais difícil mas as vezes dava certo e devo lembrar que não tinha blocagem rápida naquela época, era na base da chave de boca e alicate de pressão.

Hoje tenho uma bicicleta de gente grande mas sinto saudades daquelas bicicletas e do que elas significavam. A bicicleta é para a criança o símbolo máximo da liberdade e da responsabilidade que vem com ela. Você sai e está por conta própria, mas tem que cuidar bem dela, entender como funciona e respeitar seus limites permanentemente.

Minha filha tem cinco anos e ainda não sabe andar sem rodinhas. É mais velha do que eu era na minha aventura na bicicleta vermelha. Ela tem uma bicicleta das Power puff girls, rosa, linda, com uma cestinha em formato de coração, mas acho que nunca anda nela. Será que ela vai um dia gostar das bicicletas como eu? Sei lá, mas já tenho uma boa idéia de presente de natal e o que fazer nas férias com ela.

Fui... procurando bicicletas de meninas. 

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Penha - Última parte

E lá vou eu pedalando. Esse ano tinha bem mais gente e os pelotões estavam exagerados. O problema de pelotão de triatletas é que a maioria de nós não sabe pedalar em pelotão.Não é nada demais, mas existem algumas regras de segurança, já que se um cair na frente, pode levar fácil uns dez que venham atrás. 

Encontrei uma maneira interessante de me livrar deles. Já que era difícil ultrapassar os pelotões no plano e não me interessava em nada ficar pedalando nesses bandos desorganizados por dois motivos: regras (é proíbido vácuo) e segurança, usei a estratégia de ficar afastado no plano e atacar nas subidas. Os treinos de Romeiros foram ótimos pra isso. A cada subida de viaduto eu ultrapassava pequenos pelotões de dez a quinze pessoas e assim pedalava sozinho depois sem correr riscos. É claro que as vezes alguns desses pelotões grudavam em mim, mas só até a subida seguinte. 

Fiz força no pedal e comi como nunca nessa modalidade. Como não estava tanto calor, hidratei menos que esperava, uma garrafa de accelerade de 500ml e mais tres garrafas de gatorade com água nessa etapa. Nos postos de hidratação pegava uma de gatorade e colocava totalmente no aerodrink (garrafa fixada no aerobar e que permite beber por um canudo sem sair da posição aerodinâmica), completando com água. tomei 4 Gu (gél) e duas barras energéticas (crunch bar) americanas, ótimas.

Ao final do pedal o vento tava começando a pegar. Ainda bem que fui rápido. terminei essa etapa com 2:31h.

Transição rápida para a corrida, mais um gel, bcaa e o último gole de gatorade na saída da barraca. Não bebo gatorade na corrida, não consigo. Correndo é só água e no final coca cola. É um ritual interessante, dois copos no posto. Furo um deles, tomo um gole que demora pra descer e o resto vai para a cabeça e nuca. Mesma coisa com a segunda. Vou ter que resolver isso para o Ironman em Floripa. Uma das opções é passar pelo posto caminhando e beber com mais calma, vamos ver.

Pouco antes do primeiro retorno cruzei com o Flavinho voltando. Ele me passou no começo do ciclismo. Tive que fazer muita força pra alcançar ele nesse dia e só consegui na última volta. Depois ele me contou que fez a melhor meia maratona da vida dele. Não foi fácil.

O mais interessante foi a chegada. Coloquei em um post a pouco tempo que não somos profissionais e que dois segundos não fazem diferença em nossos tempos, sei... Faltando uns trezentos metros pro final passei pelo Emerson que como sempre vibra com seus atletas. Me disse pra fazer só mais um pouco de força que tinha uma subidinha e depois acelerar pra chegada. Olhei pra trás e vi um cara chegando em mim. Pensei, "ai que saco, vou ter que fazer força a essa altura da prova?" . Por alguns segundos fiquei na dúvida se deveria segurar o cara ou não. Decidi então não deixar ele me ultrapassar, acelerei e fiquei olhando. Ele vinha chegando, e forte. Contorno, descida e o tapete de chegada. Dei a última olhada pra trás e o cara chegando. Acelerei, só pensava que tinha vindo ali para pegar a vaga pra Clearwater e que se esse atleta fosse da minha categoria, e pegasse a última vaga porque eu tinha ficado com preguiça de fazer força não iria me perdoar.

Todos os treinos, as dores, fisioterapia, musculação, os famosos nãos que os triatletas dizem diariamente: não vou ao cinema porque tenho treino amanhã, não vou sair, não vou beber, não vou comer carne vermelha que adoro, não vou comer besteira, os treinos de romeiros as 7 da manhã de domingo, que duravam 4 a 5 horas. Treinos longos de corrida na esteira porque estava chovendo. As unhas dos pés que foram embora, as bolhas que já estavam me machucando, os dias que treinei com tendinite no joelho e não reclamava pra não ter que ouvir você tem que diminuir o treino. As sessões diárias de gelo sozinho em silêncio em casa que nunca contei pra ninguém. 

Tudo isso veio na minha cabeça em dois segundos, e foi com essa diferença de tempo entre eu, sexto lugar e o chileno que vinha me pegando. Por dois segundos peguei o sexto lugar na prova e a vaga para o mundial na flórida dia 13 de novembro.

E pensar que achava que dois segundos não iriam mudar minha vida numa prova. Mas que fique registrado, agradeci a todos os voluntários e aproveitei muito a prova.

Depois disso almoçamos/jantamos, com muita risada. Fomos beber no Haus Heringer, uma ótima cerveja artesanal de Pomerode e depois dormi demais. No dia seguinte fui a premiação acompanhar a Nilma que ficou em segundo lugar na categoria dela e depois alguns tensos minutos até finalmente conseguir a vaga para Clearwater. Foi muito bacana. Agora tenho que treinar mais ainda, para representar meu país nesse desafio.

Agradecimentos:

Essa conquista foi especial e quero dividí-la com alguns amigos:

Meu irmão Alcy por ter se inspirado em mim para voltar ao triathlon e ter me inspirado de volta para continuar firme no projeto do iron, e claro pelas dicas médicas permanentes.
Os companheiros de treinos, Marquinhos Pereira, Daniel Blois, Ricardinho (cachorro louco), André Rapoporte, Cláudia Aratangi, Graciela Moeller, Paulinha Ziegert, Thelma Filipovitch, Flávio Carvalho, Felipe Gama, Diogo Loureiro, e mais um monte de gente que chega de madrugada na USP com cara de sono. Além dos amigos fora da MPR, Nilma Machado e Pedro Fernandes que estavam o ano passado e viram minha cara de decepção quando não peguei a vaga.
Agradecimento especial ao Emerson Gomes que tem feito um trabalho ótimo nas planilhas e alterando constantemente meus treinos pra encaixar com o ritmo maluco de viagens profissionais que tenho tido ultimamente. E também a equipe MPR.

Essa conquista foi especial para mim e foi ótimo dividí-la com todos.

Fui.. treinando forte de novo, ufa

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Ironman 70.3 Penha - Parte 3

Por que será que estou com Kid Abelha na cabeça? Quem será que foi o infeliz que colocou isso pra tocar antes da prova? 

Largamos as 9:30 da manhã. Estava um friozinho gostoso e a água gelada, como sempre. Tinha muita gente na linha de largada, de repente a diferença de número de participantes ficou evidente. Era muita gente para largar de uma vez só. Resolvi usar a mesma estratégia que venho usando sempre. Largar do lado direito e bem na frente. Força até a primeira bóia para me livrar da confusão. 

Para minha surpresa a largada foi tranquila. Com exceção de um ou dois socos e pontapés, me lembro perfeitamente de pensar que a pancadaria durou apenas 40 segundos. No portão de bóias que teríamos que passar os atletas aglomeraram novamente, mas nada desesperador. Logo após encontrei uma nadadora da categoria profissional e resolvi acompanhá-la lado a lado. Ela estava em bom ritmo e foi uma boa companhia durante o percurso inteiro. 

Minha grande preocupação durante a natação era tentar me livrar do Kid Abelha. Não que não goste, mas vamos combinar, não é trilha sonora pra uma prova dessas. Eu imaginando algo como Nine Inch Nails, Cake, Franz Ferdinand ou Pearl Jam. 

Após a segunda bóia comecei a mudar as rádios. "Vamos ver se esqueço a Paula Toler" barulho de estática, U2. Where the streets have no name. Ok, gosto muito, mas meio sem ritmo para um 70.3.... estática, entra NIN, head on the hole...hmmmm porrada demais "I'd rather die than give you control"??? meio dramático demais... estática.... Franz Ferdinand - No you girls, não gostei, estática e....Pearl Jam!!!!!  Black. Uma música depressiva para fazer uma prova de triathlon. Show de bola, se é pra ser assim, que seja. E lá vou eu "and now my bitter hands, cradle broken glass, of what was everything...."

Tenda de troca, uma confusão. Sento pra tirar a roupa de borracha, não sai da perna esquerda e um voluntário me ajuda. Lista rápida. Capacete, óculos, número, Garmin, manguito, e saio correndo. Perdi um bom tempo tentando colocar a roupa de borracha dentro da sacola pra entregar aos voluntários. Pego a bike que está me aguardando ansiosa e saímos.

Primeiro retorno fico verificando quem está por perto e aparentemente estou bem, na frente de vários conhecidos que nadam bem apesar do tempo de 33:24min e mais 3:12min de transição.

Meu irmão jura que falou comigo na transição e que estava sentado ao meu lado. Não vi nada. O Marquinho também, ignorei total. Estava focado de uma maneira que não vi ninguém.

Fui.... tentando escrever, mas está tudo muito mais corrido que uma prova de triathlon.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Trofeu Brasil na USP e Ironman 70.3 em Penha - parte 2


Terça-feira, 24 de agosto de 2010. São 7:30 e estou acordado a mais de uma hora pensando no que fazer. Quando se mora sozinho o que mais sobra é tempo pra pensar. Enquanto cozinho, carrego a máquina de lavar, banho, tv, etc. Era dia de pedal na USP, mas decidi não ir. Não era hora de gastar energia a toa.

Incrível, mas a rotina de acordar terça e quinta as 4:45 para pedalar me fez despertar sem nem colocar o alarme. Pensei por alguns instantes em levantar e pegar a bike, mas resolvi seguir o plano e voltei a dormir. Ainda no banho as 7:30, continuo pensando no que fazer. A orientação do Emerson foi que mudasse minha alimentação antes da prova, com uma ingestão absurdamente maior de calorias para evitar problemas com o frio. Troquei o pedal por duas horas de spining na academia nesse dia, mas ainda tinha que testar a alimentação. Resolvi então mudar minha agenda e tomar café-da-manhã as 9:30h. Fui para o escritório e aproveitei para tomar café por lá e ver se o suplemento hiper calórico iria descer em três horas. Iria também testar nas duas horas de spining a ingestão de gel junto com a barra energética. Tudo ou nada.

Deu certo. Não senti nenhum desconforto e as 6:30h de sábado lá estava eu na cozinha do hotel Itapocorói, em Penha, preparando meu super shake mega calórico com banana, no liquidificador emprestado pelas cozinheiras que ficaram mega felizes com minha presença e piadas logo cedo. 

O hotel Itapocorói merece uma menção a parte. A maioria dos meus amigos ficou no hotel Vila Olaria, incluindo meu irmão. Preferi ficar no Itapocoroi pois já conhecia os dois. Estar perto do mar e da largada é essencial na minha opinião. A equipe do hotel é muito bacana, Daniel, Priscila, as cozinheiras, todos já me conheciam do ano passado e foi bom ter rostos familiares por perto. A Nilma e o Neto também estavam por lá, o que foi bacana. Uma das lembranças de Penha que sempre terei são os desenhos dos alunos das escolas públicas que são enviados para os atletas.

Nesse ano recebi um desenho de um garoto de 15 anos, que dizia "tomara que você ganhe a prova" com uma bicicleta desenhada na paisagem de Penha, muito legal. Fiquei pensando que mal sabia ele que quem pegou o desenho dele não tinha a menor chance de ganhar. Mas isso depende do conceito de ganhar, e pensando bem acho que ganhei sim.

Na quarta-feira, dia 25 peguei a estrada com o Marcos Pereira, companheiro de treino na MPR, e grande parceiro de pedaladas em Romeiros. O Marcos é o cara com quem mais treinei esse ano, e ver a evolução do pedal dele durante o ano foi gratificante. A corrida então nem se fala. Quando começamos a treinar mais tempo juntos ele estava voltando de uma lesão e bem fraco, hoje a história é outra. Vai dar trabalho pra turma. Era a primeira vez que iria participar de um 70.3 e claro que estava bem ansioso. Fez uma ótima prova apesar de achar que não. Provas longas são feitas de detalhes e a experiência conta muito, reconhecer quando o corpo está precisando de atenção é difícil, mas as lições vão ficando e nos tornando mais espertos.

Chegamos a Curitiba e no dia seguinte saímos para Penha, não sem antes passar numa casa de câmbio e comprar os 325 dólares para uma possível inscrição para o mundial em Clearwater. A prova de Penha é da chancela Ironman 70.3 e dá 50 vagas para o mundial de Ironman 70.3 que acontece anualmente em Clearwater - FL. É uma peneira difícil de passar. Na minha categoria, por exemplo, tinha 105 inscritos para 5 vagas. Eu estava indo lá com o objetivo de pegar uma dessas vagas.

Chegamos lá e depois de nos instalar-mos, cada um em seu hotel, incluíndo meu irmão Alcy, que veio entrou na caravana em Curitiba e estava lá para tentar pela primeira vez esse desafio. Fomos almoçar e já tivemos a companhia da Nilma e Neto, casal de Botucatu que conheci ano passado nesse mesmo lugar. Combinamos um pedal para testar as bikes as 16:30 e tiramos aquela foto lá de cima depois disso. Da esquerda para direita, Artur (RJ), Marcos Pereira (SP), Nilma (Botucatu-SP), eu (SP) e Alcy (Curitiba - PR).

A Prova:

Vou correr o risco de ser óbvio mas irei dividir a prova em três partes: natação, ciclismo e corrida. Não tem como ser diferente.

Mas primeiro o objetivo disso tudo. Ano passado fiquei por duas vagas para o mundial. Isso que o número de vagas era maior e a quantidade de atletas menor. Para se ter uma idéia, na categoria de 40-44 anos, que é a que participo, o número passou de pouco menos de 80 para 105 atletas e o tempo do primeiro colocado esse ano foi de 4:08h e no ano passado um pouco mais de 4:30. Eu já sabia que a coisa ia ser difícil, mas mesmo assim estava determinado a conseguir. O número de vagas disponíveis para minha categoria era de 5 contra 8 no ano passado. Fiz algumas contas e cheguei a conclusão que com 4:40h conseguiria a vaga sem depender de ninguém, ou seja, ficaria em quinto lugar.

Conversei com o Emerson duas semanas antes da prova contando dessa minha brilhante conclusão e que minha estratégia seria sair com no máximo 3:00 do T2 (transição do ciclismo para corrida). Ele me deu um olhar meio descrente, mas eu sabia que não era tanta loucura assim, era só não bobear. Largar bem na frente na natação e sair da água com 30min, 2:25h de pedal e 5min para as transições. Depois é só fazer o que sei, correr para algo entre 1:35h e 1:40h. Fácil - no papel.

Objetivos são interessantes. Escrevi sobre metas e objetivos em um outro post o ano passado. No começo do ano, conversando com uma grande amiga que anda temporariamente afastada do meu convívio, contei em segredo que tinha duas grandes metas para 2010. A primeira, que considerava mais fácil, era classificar para Clearwater. Naquela época achava isso, não sabia que o número de inscrições seria tão alto nem que seriam menos vagas. A segunda meta, essa sim bastante ambiciosa seria ganhar uma etapa do Troféu Brasil na categoria Elite 40-44. Para minha surpresa, a vitória no Troféu Brasil veio cedo, já na segunda etapa em Santos e ainda com a quebra de um record pessoal. Agora só faltava a meta "fácil" - sei...

Fui... não foi nada fácil

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Trofeu Brasil na USP e Ironman 70.3 em Penha

É tanta coisa pra escrever. Vou tentar ser curto, mas como não vai ser possível, serão alguns posts sobre essas duas provas.

Por que as duas provas juntas? É fácil. Pra mim uma foi continuação da outra.

Começo na sexta-feira, dia 27 de agosto, um dia antes do Iron 70.3. As 10:00hs fui testar a temperatura da água com a Nilma e Julinha e mais meia dúzia de pessoas. A temperatura estava agradável, um pouco frio, céu nublado e estava me sentindo um pouco ansioso e preocupado. Consegui nadar até as primeiras duas bóias numa água fria mas aceitável. A sensação de alívio nesse momento foi brutal. A confiança começou a retornar a minha cabeça. Quando coloquei o pé na água tive uma sensação conhecida, uma lembrança desagradável da minha experiência negativa de alguns dias antes. Cheguei na praia dei algumas voltas desorientado e pensando no que fazer, para de uma hora para outra ouvir a Julinha falar para pular na água. E foi isso que fiz. Me joguei com tudo, sem perdão. No começo estava bem frio, mas após algumas braçadas, nada de pressão no peito, apenas a satisfação de deslizar pelas águas salgadas de Santa Catarina.

Os primeiros momentos são mágicos. O som das braçadas e respiração dentro d'água, a água gelada entrando pelas frestas da roupa de borracha, principalmente na nuca, descendo pelas costas sem pedir licença para em pouco tempo se aquecer e criar uma camada de água quente que isola o nadador do frio. E foi assim que refiz a amizade com esse ambiente. Fazendo uma simbiose que nos tornou melhores e novamente amigos. Dava algumas braçadas e olhava para frente para checar as bóias, conseguia enxergar bem minhas mãos quando estavam para frente ou para baixo naquela água limpa e fria. Me lembrei das viagens a Camboriú com meus amigos para surfar no inverno e também das inúmeras vezes que fomos para Ibiraquera velejar de windsurf e tínhamos que sair da água por alguns minutos e ligar o ar quente do carro para aquecer as mãos e depois voltar para mais uma sessão de ondas com um vento norte de 30 nós e velas de 4 metros quadrados.

Chegamos nas bóias e esperei a Ju e sua touca rosa de barbatanas. Fiz algumas marcações de navegação e voltei pra praia onde ficamos conversando por mais ou menos uma hora. Que alívio.

Para realmente entender o que se passava na minha cabeça é preciso voltar ao dia 22 de agosto, domingo, na USP, onde a temperatura da água estava em 17 graus as 9:15hs quando largava para a terceira etapa do Troféu Brasil de Triathlon.

A primeira pergunta do leitor pode ser: "Você está louco? Troféu Brasil na USP uma semana antes de Penha?". Não é uma pergunta totalmente absurda, mas havia uma boa razão para isso. Em primeiro lugar estou disputando o campeonato e competitivo como sou, não iria deixar de lado uma etapa importante. Em segundo lugar, conversando com o Emerson (técnico) chegamos a conclusão que poderia ser feito em ritmo de treino sem muitos traumas.

Estava extremamente confiante e tranquilo para esta etapa na USP. Percurso novo para o ciclismo e corrida. Os dois planos e rápidos. Era uma prova para fazer tempo baixo, mas não era esse meu objetivo e teria que segurar a vontade de fazer força.

Deu tudo errado.

Testei a água uns trinta minutos antes da largada e não achei tão fria. Estava absurdamente enganado. Na primeira volta da natação (750m) não conseguia respirar. A sensação é que minha roupa de borracha (sem mangas) era de ferro e tinha sido fechada por cima das minhas costelas. Era praticamente impossível respirar. No começo da segunda volta comecei a relaxar, mas aí comecei a sentir fortes dores nos braços. Não vou fazer suspense agora. Nesse momento estava com uma leve hipotermia e estava gastando tanta energia para me manter aquecido que não estava sobrando nada para nadar. Uma sensação horrível.

Saí da água e fiz um pedal péssimo. Achei que tinha algo errado com a bicicleta. Minhas pernas queimavam a 32km/h. Essa velocidade é usada em treino leve, imagina só. Não consegui recuperar minha temperatura durante o ciclismo. Terminei a etapa ainda com frio mas pelo menos consegui fazer um ritmo progressivo e terminar pedalando próximo de 38km/h. Hidratei e comi o máximo que deu. Havia levado dois Gu para essa etapa - era pra pedalar em uma hora - tomei um logo no começo do ciclismo e o outro com 30min.

Quando sai pra correr estava em terceiro lugar a 6min do primeiro. Eu sabia que dava pra ganhar mesmo assim, mas ainda estava me sentindo fraco, e pior, meu pé esquerdo estava totalmente adormecido e ambas as pernas contraídas na panturrilha e canela. Tomei mais um gel e comecei a correr. Normalmente correria para 40min os 10km. Passei a primeira volta com 25min e finalizei a etapa com 48min. 

Assim, fiquei em terceiro na etapa (o que não foi ruim) mas com minha confiança no chão.

Algumas lições que tirei e aproveitei para dar a volta por cima em alguns dias:

  • Racionalizar o que aconteceu e entender o erro. O que causou tudo aquilo foi um fator externo. Tenho como amenizá-lo? sim, é só ter uma roupa com mangas. Vou comprar uma.
  • Durante a prova as coisas mudaram. O planejamento não deu certo. Sem desespero comecei a pensar no motivo de estar ali e os objetivos maiores. Pensei em parar várias vezes durante a corrida e não o fiz porque estava ali para marcar pontos no campeonato. Os dois adversários que estavam na minha frente não estavam bem colocados na classificação geral, então resolvi diminuir o ritmo mais ainda e controlar quem estava atrás.
  • Foi um super treinamento de superação de adversidade. Fiz o que podia. Ingeri calorias para tentar me aquecer e procurei abstrair as dores nas pernas durante a corrida. A partir do 7km da corrida comecei a correr mais solto e terminei a prova com a cabeça erguida.
  • Técnica. Quando se está cansado é isso que nos mantém. Na corrida e no pedal me concentrei em manter a técnica correta para economizar energia. No ciclismo tentava fazer a pedalada mais redonda possível, sem trancos e manter a posição aerodinâmica apesar das dores lombares - também consequência do frio. Durante a corrida pensava em manter o ritmo de 180 passadas por minuto (90 para quem conta duas como uma), cabeça olhando o horizonte, braços paralelos e mais alguns pequenos truques. Contar passadas é um método eficiente de passar o tempo e me dá um parâmetro se estou correndo na minha zona mais econômica.
Depois disso tudo fiz algumas adaptações para Penha, mas isso fica para a segunda parte....

Fui... olhando a foto dá pra ver como estava sofrendo

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Que venha Penha

Não sei exatamente como começou essa estória do "que venha Penha", mas pegou.

Explico:
Penha = Ironman 70.3 Brasil, que irá acontecer na cidade de Penha - SC dia 28 de agosto.
Quem fala isso? A nossa pequena turma de triatletas da MPR (Marcos Paulo Reis Assessoria esportiva) e alguns convidados especiais.

É uma daquelas piadas internas que só tem graça pra quem conhece, mas vou tentar explicar um pouco porque é tão importante.

Semana que vem alguns amigos irão fazer pela primeira vez uma prova desse tipo. Esse post é especialmente dedicado para eles e também para os leitores que irão passar por essa experiência no sábado.

Completar uma prova de triathlon não é para qualquer um. Um short (750/20/5) pode ser feito sem problemas por um atleta dedicado, por exemplo um corredor, que dedique-se por umas 8 semanas a fazer um treinamento específico para essa prova. A distância olímpica (1500/40/10) já é mais bacana, exige mais do organismo, e também dos treinos. É uma passo natural na evolução, assim como o Ironman 70.3 (1900/90/21) que é o treino para o IronMan (3800/180/42).

Vamos então ao que tenho a dizer para meus amigos (Alcy, André, Beto, Daniel, Julinha, Marquinhos, Ricardinho, Dani, Celso, Adriana e tantos outros) . Esses são os que acompanhei mais de perto e a maioria ainda não fez essa distância, ainda existe uma longa lista de pessoas.

Faz um ano que fiz meu primeiro 70.3. Depois dele fiz mais dois (Pirassunuga e Caiobá) e confesso que por enquanto é minha distância preferida. Não é uma prova para ser feita todo o mês, pelo menos para nós amadores, o esforço já é grande.

Umas dicas? Sem querer ser chato ou correr o risco de ser uma das "vozes" . Não entendeu olha o link

-Chega de treinar, vai descansar.
-Alimentação é importante, mas não pode ser um stress
-Tenha um plano de prova flexível
-Hidratação é fundamental
-Triathlon não é Nadar, Pedalar, Correr. O correto é Nadarpedalarcorrer , o que você fizer em uma das etapas vai afetar a outra. Para mim, tudo antes do T2 é preparação para a corrida.
-Seja gentil e cortes com os voluntários e equipe da organização. Não tem porque não ser. Brinque com a galera que entrega as caramanholas nos postos de hidratação, eles adoram (elas então...). Fazem a maior festa e essa energia vem muito bem quando você já está pedalando a duas horas naquela posição ingrata aerodinâmica. Vejo em muitas provas pessoas reclamando (aliás como as pessoas reclamam hoje em dia) dos voluntários nos postos de hidratação. Peraí, você não é profissional, dois segundos a menos no seu tempo não vai fazer diferença. Em 2004 estava fazendo o Sesc triathlon de Caiobá - Pr e uma amiga veio comentar logo que acabou a prova que tinha me visto correndo. Que legal, comentei, como você me achou? Você era o único que agradecia quando entregavam água. Até hoje eu falo obrigado para cada água que me entregam em provas. Posso estar sofrendo pra burro, mas não vou deixar de fazer isso. As vezes o sorriso não sai, mas agradeço. A energia vai e volta.
-A família vai? Faça festa, envolva eles na sua conquista, brinque, de sorrisos, bata na mão. Eles fazem parte disso tudo, ou você acha que é fácil nos aguentar treinando? Ano passado passei a prova inteira vendo faixas de uma família dando parabéns pela conquista do Pai/Marido. Achei o máximo, para logo em seguida descobrir que era pro Wellington, companheiro de treino e que esse ano vai pra lá de novo. Em Caiobá minha filha Gabriela cruzou a linha de chegada comigo, sem preço (me emociono até hoje só de pensar, mas olhando a foto ali em cima qualquer um entende o porquê).

O mais importante de tudo? DIVIRTA-SE. É pra isso que acordamos as 4:30 pra pedalar, é por isso que falamos não para um monte de coisas que dão prazer momentâneo, é pra isso que treinamos de maneira insana. É para isso que tomamos o caminho de sermos Determinados em nossos objetivos.

Não sei a receita da felicidade, mas cruzar aquela linha de chegada é uma experiência única, e a euforia dessa conquista dura por semanas, isso eu prometo a vocês.

Fui... E QUE VENHA PENHA!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

TPUC - Triathlon por uma causa

Para aqueles que não conhecem e me seguem apenas nesse blog, gastem um tempinho e conheçam o projeto TPUC, é só clicar nesse link TPUC . É um projeto feito com muito carinho a atenção com os apoios da Abrale - Associação brasileira de leucemia e linfoma,  Skarp (marca de roupas que uso em minhas provas e treinos) e Staconstancia (fornecedora dos tecidos de alta tecnologia usados pela Skarp).






















Abraços

Marcos

TPUC 2010 - 4 etapa - Troféu Brasil de Triatlon e Ironman 70.3 Brasil

Olá a todos,

O calendário desse ano que parecia que iria ser super corrido está sendo calmo até agora. Até agora, pois o segundo semestre promete. Teremos esse fim de semana aqui em São Paulo a terceira etapa do Troféu Brasil de Triathlon.

Muitos podem ter esquecido do projeto ou outros nem conhecem. Vou explicar então rapidamente. Em todas as competições que participo, colaboro com uma doação financeira para uma entidade de combate a Leucemia e linfoma chamada Abrale - Associação brasileira de leucemia e linfoma. O valor da doação é correspondente a distância em quilômetros que irei percorrer. Então de acordo com a prova que estou participando o valor é maior ou menor.

Incentivo meus amigos, parceiros de treinos e seguidores do Blog a tentar participar junto comigo nessa jornada. Como? É fácil. É só entrar no site da Abrale e fazer a doação diretamente para eles. Nada passa por minhas mãos e se houver necessidade, fiquem a vontade para entrar em contato direto com a instituição, é um local muito bacana, como tive oportunidade de descrever em um post anterior onde conto o porque deste projeto, é só clicar aqui .

Na próxima semana, dia 28 e agosto irei participar do  Ironman Brasil 70.3 em Penha - SC . Então estou juntando duas etapas em uma só e pedindo a participação especial de todos.

Hoje uma amiga me perguntou se eu acredito em enviar energia para as pessoas. Claro que sim. Que tal esse post sobre a energia que vai e volta? Sugiro enviarmos uma grande vibração para todos que estão sendo afetados por essa doença nesse momento, com nossos pensamentos, esforços e toda a energia que dispomos .

Os valores que irei doar são :
Troféu Brasil - distância Olímpica - 1,5 natação; 40km bike; 10km corrida,  R$ 51,50
Ironman 70.3 - 1,9 natação; 90km bike; 21km corrida, R$ 112,90

Lembro que cada um pode doar o valor que quiser, podendo ser superior ou inferior, fica a critério pessoal. Importante é doar e não esquecer de colocar no CAMPO EMPRESA O TEXTO : TRATHLON POR UMA CAUSA.

Boa semana a todos

Fui... começando a reduzir o ritmo para chegar bem em Penha


sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Longo Inverno


Olá, estou de volta. Depois de um longo inverno em Curitiba (4 dias) consegui colocar a casa e treinos em ordem.

Treinar no frio requer alguma disposição e roupas adequadas. Vou usar aqui a frase que todos nós ouvimos sempre nos treinos da madrugada na USP: não existe ciclista com frio, existe ciclista mau vestido. E não estou falando de ciclistas que não seguem a moda, pois todo ciclista faz questão de colocar todas as cores disponíveis do seu guarda roupa ao mesmo tempo. Não sei se isso acontece porque ainda estamos dormindo quando nos vestindo, e o tico e teco ainda não conseguiram pegar no tranco. Ou se não damos bola pra isso mesmo. Como sempre tento facilitar minha vida, reduzo minhas cores para: preto, branco, vermelho e amarelo. Então vou de monocromático a espanhol passando por rubro negro, mas nada mais que isso, é uma solução.

Mas o que quero falar mesmo é sobre como vestir-se pra não passar frio - e calor - no dia frio.

Ciclismo: camadas, não tem solução. Eu gosto de colocar uma camiseta de manga curta e duas camadas de corta vento, um mais grosso e outro mais leve. Se acho que não vai fazer tanto frio assim e talvez esquentar durante o treino, prefiro colocar só um corta vento e manguitos junto com a camiseta. Em qualquer caso uma boa calça é necessária. Prefiro as de corrida, de preferência com compressão. Coloco uma bermuda de ciclismo por baixo para evitar que as costuras machuquem e estou pronto para 100km em qualquer lugar. Uma coisa boa das roupas de ciclismo em camadas é que você pode ir tirando durante o treino e guardar nos bolsos da camada de baixo. Até a calça, já que você está com a bermuda por baixo. Um gorro na cabeça para aqueles que não tem mais cabelos, ou somente uma faixa para os que ainda tem vai muito bem. Proteger as orelhas é básico. Alguns usam lenços. Tudo bem, mas mantenha a regra de poucas cores por favor. Em cima da sapatilha pode ser usado uma bota que protege do frio. É um dos ítens mais úteis e baratos. A diferença de correr depois de pedalar sem usar a proteção da sapatilha é brutal. Você leva alguns km para sentir novamente os dedos se não usar. Mais importante de tudo no ciclismo, toda roupa tem que ser justa. Por favor, não vai pedalar com aquelas jaquetas de passear em shopping center que viram um paraquedas e tem gorrinho, tenha dó.

Corrida: aqui a coisa é mais delicada, mas também mais simples. Ao contrário do ciclismo, na corrida você vai passar calor. Se estiver muito frio (por volta de 6 graus como treinei em Curitiba semana passada) use uma calça, a mesma que usou pra pedalar, afinal ela é feita pra corrida. Em cima uma camiseta de manga longa de corrida e talvez uma jaqueta ou blusa de corrida. Acontece que você vai esquentar e provavelmente vai precisar tirar alguma coisa. Uma opção é fazer o aquecimento (correr uns 15 a 20 min leve) perto do carro e depois sair pra correr. Gorro ou boné (prefiro o boné) e um par de luvas de corrida funcionam muito bem. É incrível, você pode até se sentir meio ridículo, mas para a corrida no frio as luvas são ótimas, assim como algo para cobrir as orelhas.

Em qualquer dos casos você vai sentir um pouco de frio no começo, é normal, assim saberá que não irá passar calor depois.

Bons treinos

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Badwater 2010 - parte 2

Conforme prometido, a segunda parte do relato da Badwater Marathon escrito pela Maria Ritah.

Bom dia a todos

Badwater Marathon - parte 2

"Em Las Vegas, o calor sufocante começou a me dar medo. 

Dois dias depois fomos para o deserto local da prova. No caminho comecei a vislumbrar o que poderia ser minha aventura naquele deserto, comecei a me questionar.  – Será que quero mesmo passar por isto? Tanta prova linda, boa e mais barata pra eu fazer.

No dia do Congresso Técnico meu questionamento aumentou.  Observava atentamente os ultramaratonistas como se eu estivesse num experimento científico. Em Funece Crew, o calor aumentava, o vento quente ardia meus olhos garganta e feria meu nariz. Até pra respirar era complicado numa temperatura de 55 graus. Nem a noite aliviava a sensação de falta de ar.

A caminho do local da largada. A paisagem  do lugar era meio sinistra de tão cinza, sem cor, mas nem por isso encantadora. Estávamos abaixo do nível do mar. Ouvi um colega dizer que aquilo tudo era o mar que secou, na área batida e misturada com sal víamos a sequidão do lugar.

Depois de fotos e registros, a emoção da corrida começou. Nos primeiros 30km  o atleta obrigatoriamente deve correr sozinho e sua equipe dar assistência em banho e água, sob pena de punição caso seja pego correndo com o atleta.

Este começo foi um dos momentos mais emocionantes, porque pude assistir de camarote a correria, a paisagem, a corrida sob forte condição climática. Estes quilômetros parecem que não acabam nunca e nesta parte da corrida começo a digerir o que seja Badwater.

Monica corria bem a despeito de ser uma ultramaratonista com histórico de câncer e diabete. Minha preocupação era com sua hidratação e controle da glicemia que estava a cargo de um outro integrante da equipe. A noite, o cansaço e o sono eram uma luta constante. Mesmo eu que era pacer, sempre me beliscava para não apagar enquanto estava na direção do carro. Correr e andar por 55hs seguidas não era tão fácil quanto parecia. Além da dor muscular devido as subidas que não eram íngremes, mas que eram muito longas. 
Por volta do meio dia, sob sol forte, chegamos num lugarejo para abastecer o carro de gelo e água. Qualquer lugar do deserto que tenha um ponto de conveniência é importante. Era necessário abastecer com água e gelo nos poucos  pontos de abastecimento no deserto, por esta razão o carro estava cheio de cooler e alimento.

Na corrida, ora  eu estava a dirigir o carro de apoio, ora estava correndo observando a paisagem que em nada mudava da sua cor cinza, mas quando eu via o rosto dos atletas correndo, a dor e o sufoco para suportar o calor, mais e mais admirava aquela raça de atletas da qual eu queria fazer parte.

Minha experiência na Badwater me diz que devo treinar mais e mais forte. Que devo ter dinheiro suficiente pra fazer esta prova e pra isso terei que trabalhar dobrado, vender tudo que puder de imóveis e fzer uma reserva antecipada,  um plano logístico perfeito para me atrever a fazer Badwater.

A experiência valeu. Ao ver Mônica chegar aos 55hs no MT. Whitney, chorei de alegria. Literalmente saímos do inferno e entramos no paraíso em volta de montanhas cujos picos são brancos como a neve. É um contraste que só podemos dizer que ali um arquiteto muito habilidoso desenhou a estrada do deserto e seu local de chegada que , para quem correu tudo isto, é um verdadeiro paraíso.

Ou seja, saí do deserto, mais motivada do entrei. Em 2011, com a benção de Deus, estarei lá para correr Badwater Ultramarathon. Quanto tempo? Pra mim é o que menos importa, quero mesmo completar o percurso, vencer a distância e contar mais uma história de corrida.  "

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O corpo reage, e a mente?

É interessante ler as reações do corpo. O aumento de volume de treino das últimas semanas me deixou todo travado. Imagine um boneco de lata. Agora imagina esse boneco todo enferrujado. Doideira total.

Mas o mais interessante é o treinamento mental. Li ontem na Triathlete Magazine um artigo sobre como é necessário o treinamento mental para atingir a melhor performance no triathlon. Imagine o seguinte experimento: colocaram alguns ciclistas profissionais para pedalar durante um período de tempo num ritmo bastante forte, gerando por volta de 250w nesse período. Foi pedido a eles para parar no momento que não aguentassem mais. Todos eles foram submetidos ao seguinte desafio; pedalar forte por 5s logo após a parada por exaustão. O que ocorreu com todos? Geraram acima de 700w nesses 5s. Incrível. Se eles tinham parado por exaustão como seria possível gerar toda essa potência imediatamente após a parada? A mente é incrível.

Dois exemplos: sábado fui pedalar em Romeiros novamente. Encarei uma subida que nunca tinha feito. Não sabia o que esperar, mas me falaram que não era tão forte. Começamos a subir depois de Itu pela Rondon para voltar a Cabreúva. Nunca imaginaria isso. 17km de subida. Não era nada íngrime, mas constante e estava ventando forte contra. Como não sabia o que vinha pela frente usei a velha tática de olhar dois metros a frente da roda e não levantar a cabeça. Na hora que você levanta a cabeça e realiza o que ainda tem pra subir, já era.

Foi um dos treinos mais fortes de subida que fiz esse ano. E para minha surpresa foi fácil. Eu estava totalmente preparado para fazer força e encarar o que viesse pela frente. Estava determinado a manter o ritmo e puxar o pelotão o quanto fosse preciso, e foi o que fiz. Dessa vez tive a companhia do Marquinho, que puxou tanto ou mais que eu, Flávio, que tá começando e tentando encaixar seus treinos e do Leandro, que estava meio sumido mas é um grande companheiro de treino.

Hoje foi o segundo teste em três dias. Após um dia de descanso, acordo com garoa e um pouco de frio em São Paulo. Nada demais, aqui não tem inverno, mas que preguiça que deu. Fui para a esteira fazer 12km a 5min/km (12km/h), é um ritmo bom para um treino regenerativo, a frequencia cardíaca não sobe muito e não precisa fazer força. Como foi difícil. Só lá pelo km 8 que a coisa começou a fluir. O que faço nesses momentos? Imagino que esse treino é o mais importante de todos e vou negociando pequenas metas intermediárias. É claro que a tv na frente ajudou, mas aguentar até a próxima música, ou até que o relógio chegue em tal ponto, ou então não olhar pro relógio até acabar tal parte de um programa, sei lá... Você enganando de alguma maneira.

A mente é forte e pode nos levar pro céu ou pro inferno em segundos. Atletas de endurance tem que colocar em suas cabeças a necessidade de treinar suas mentes. É fundamental.

Fui... amanhã coloco a segunda parte da Maratona de Badwater

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Badwater 2010 - 1 parte

O bacana da internet é ter a oportunidade de conhecer pessoas que tem afinidades e paixões parecidas com você. As vezes penso que nunca teria oportunidade de conhecer essas pessoas especiais não fosse pelos blogs e redes sociais. Através do Facebook conheci a Maria Ritah, de Manaus, e fui acompanhando seus posts. Recentemente ela colocou algumas fotos sobre a Ultramaratona de Badwater. Mandei uma mensagem para ela e pedi se poderia contar essa história aqui no blog. Ela prontamente atendeu e ainda mandou umas fotos muito bacanas. Abaixo a primeira parte da aventura. De repente fazer um ironman não me parece mais tão difícil.... será?

"Badwater 2010 - por Maria Ritah


Comecei a correr ultramaratona em 2008. Minha grande estréia na distância foi na África do Sul, a Comrades Marathon, prova de 89km. A experiência de correr longa distância fez de mim uma apaixonada pelo esporte mesmo não tendo qualquer talento e começando na modalidade aos 36 anos. De repente me vi praticante e, acredite, atleta.
A primeira vez que ouvi falar de Badwater, foi por meio do meu amigo Gentil Alves que também pensava em correr a prova, e me dizia que para isso teria que correr a BR 135, prova classificatória para seleção da Badwater Ultramarathon.
 Badwater é a prova “mãe” do circuito BAD 135. Ela existe há 33 anos e deu origem a Arrowhead (prova no gelo) em Minessota/USA, Brazil 135 (prova nas montanhas) aqui no Brasil e agora também a Europe 135 na Alemanha e futuramente a Bolivia entrará no circuito. São 135 milhas (217 Km) que o atleta acompanhado de um carro e no mínimo 2 pessoas, e terá que percorrer a distância em até 60 horas ininterruptas numa estrada de asfalto que atravessa o tão temido Deserto de Mojave, na California. A largada acontece em Badwater a 85m abaixo do nível do mar, e a chegada no MT. Whitney a 2.530m de elevação.  O maior o desafio não é correr as 135 milhas, nem tampouco a altimetria da prova assusta, mas sim vencer o calor que mesmo a noite continua muito quente variando entre 50 e 60º positivos.

Comecei então a buscar mais informação sobre a prova considerada a mais difícil do mundo por conta do clima quente, seco e deserto. As histórias do calor não chegavam a me assustar uma vez que moro em um lugar quente, mas que não é seco. O que me fascinava nos relatos é o poder de superação do atleta ao ter que atravessar o deserto suportando um calor de 55 graus e sem qualquer apoio logístico da organização.
Mais obstinada, me inscrevi na BR 135 em 2009 para correr os 217km e conseguir classificação. Sem ter treinado mais de 100km corri pela primeira a BR e me dei mal. Uma lesão na panturilha no meio do percurso e desisti no km 162. Triste por isso, decidi esquecer ultramaratona em 2009 e passei a treinar para correr somente a New Yok City Marathon, em novembro do mesmo ano. Não queria mais saber de longa distância.
Setembro chegou, comecei a pensar de novo em Badwater e resolvi tentar de novo correr a BR 135 de 2010. Meu pobre currículo de ultramaratona daquele ano foi recusado pela organização da prova, só me restou dividir o percurso de 217km. Em dupla, fiz a distancia em 37hs, mas sempre pensando na Bad.
Este ano, a ultramaratonista  Monica Otero, 54, saiu na lista na relação dos aceitos pela organização.  Monica foi a primeira mulher da América do Sul a completar a distância de 135 milhas em 2007 e este ano a idéia dela era tentar diminuir o tempo de prova. Diabética tipo 2, é sobrevivente de um câncer. Mesmo com saúde sob cuidados médicos ela prova que a força de vontade e determinação pode mudar o curso da história de qualquer um.

 Escrevi um email pra ela pedindo que me deixasse ser sua pacer. Eu pagaria minhas despesas de viagem até Las Vegas e ela arcaria com a hospedagem e alimentação. Monica foi muito gentil em aceitar minha proposta, e no dia seguinte comprei minhas passagens Manaus-Las Vegas-Manaus. Com muito gosto, passei também a treinar pra prova porque queria estar apta para ajudá-la e incentivá-la na corrida."

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Semanas duras pela frente

Treinos são dividos em períodos. Esses períodos são definidos com base em objetivos. Meus objetivos coincidem com as competições que participo.

Tenho que chegar na minha melhor forma no fim de Agosto para o Ironman 70.3 em Penha - SC.

Para isso tenho feito alguns treinos de ciclismo na estrada dos Romeiros entre a Castelo Branco e Itú - SP para aumentar minha força no pedal.

Esse fim de semana tive a companhia do Marcos Pereira, que já é figura marcada nesses treinos e do Daniel Blois, novo parceiro de treinos da MPR e que vai começar a aparecer com mais frequência por aqui. Explico: assim como eu,ele vai encarar o desafio do Ironman Brasil 2011 pela primeira vez. teremos oportunidade então de nos encontrar bastante.

Romeiros é um treino sensacional. Um dos que me dá maior prazer. É difícil, desafiador e bonito. É uma oportunidade de testar sua força de vontade. As subidas intermináveis, trechos que parecem planos na ida e na volta se mostram como subidas bem leves (o suficiente para reduzir absurdamente a média de velocidade) e ultimamente o vento contra na volta.

O único ponto que dá tristesa é ver o Rio Tietê tão detonado em uma paisagem deslumbrante. Em qualquer lugar essa estrada seria um ponto turístico importante. Por aqui, com excessão das Romarias - que para nós é um inferno - a estrada é frequentada por ciclistas e motociclistas.

É um local que vale a pena conhecer, principalmente o trecho entre a Castelo Branco,saindo do km 48 e Pirapora do Bom Jesus. Outro trecho interessante é entre Cabreúva e Itu chamado de Estrada Parque.

Nos vemos por lá.

Na foto tirada pelo Daniel encaro uma das subidas

Fui... pedalando

As próximas semanas serão críticas

Treinos são dividos em períodos. Esses períodos são definidos com base em objetivos. Meus objetivos coincidem com as competições que participo.

Tenho que chegar na minha melhor forma no fim de Agosto para o Ironman 70.3 em Penha - SC.

Para isso tenho feito alguns treinos de ciclismo na estrada dos Romeiros entre a Castelo Branco e Itú - SP para aumentar minha força no pedal.

Esse fim de semana tive a companhia do Marcos Pereira, que já é figura marcada nesses treinos e do Daniel Blois, novo parceiro de treinos da MPR e que vai começar a aparecer com mais frequência por aqui. Explico: assim como eu,ele vai encarar o desafio do Ironman Brasil 2011 pela primeira vez. teremos oportunidade então de nos encontrar bastante.

Romeiros é um treino sensacional. Um dos que me dá maior prazer. É difícil, desafiador e bonito. É uma oportunidade de testar sua força de vontade. As subidas intermináveis, trechos que parecem planos na ida e na volta se mostram como subidas bem leves (o suficiente para reduzir absurdamente a média de velocidade) e ultimamente o vento contra na volta.

O único ponto que dá tristesa é ver o Rio Tietê tão detonado em uma paisagem deslumbrante. Em qualquer lugar essa estrada seria um ponto turístico importante. Por aqui, com excessão das Romarias - que para nós é um inferno - a estrada é frequentada por ciclistas e motociclistas.

É um local que vale a pena conhecer, principalmente o trecho entre a Castelo Branco,saindo do km 48 e Pirapora do Bom Jesus. Outro trecho interessante é entre Cabreúva e Itu chamado de Estrada Parque.

Nos vemos por lá.

Na foto tirada pelo Daniel encaro uma das subidas

Fui... pedalando

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Manias, superstições e outras coisas que ajudam os atletas

A piada diz que se macumba ganhasse campeonato, o baiano acabaria empatado.

Pois é, você acha que é só no futebol? Vou contar as minhas, mas antes um pouco de blablabla.

Alguns esportes precisam de um nível de concentração alto por um período de tempo curto. Depois você relaxa e volta a se concentrar. O golf é assim. Uma partida dura quatro horas, você joga por talvez uma hora, o resto é passeio de luxo e as vezes em boa companhia. Esporte muito interessante. 

O importante é que para você "disparar" essa concentração existem alguns truques. Alguns golfistas batem com o taco no chão, respiram fundo, giram o taco. E no tênis? A Sharapova respirando fundo depois de bater a bolinha quinze vezes no chão, e depois arruma o cabelo atrás da orelha. O pior é o Nadal. Pra quem não sabe, ele fica arrumando a cueca antes de sacar, péssimo.

Eu tenho rituais em todos os esportes. No golf paro atrás da bola, levanto o taco e faço a mira. Em seguida vou caminhando em direção a bola fazendo um arco pelo lado esquerdo, sempre olhando pra onde a tacada vai, encosto o taco no chão, verifico o alinhamento e faço o swing. Funciona. Meu irmão faz tudo isso mas dorme em cima da bola, o que gerou o apelido de Greg Dormem (Greg Norman é um golfista Australiano).

Pra que serve isso? Para disparar uma série de movimentos sincronizados e que são treinados a exaustão. Serve para avisar o corpo e a mente que está na hora de focar e fazer aquilo que você ensaiou tantas vezes. No triathlon preciso fazer meu último treino de natação com palmar e bóia. Suprestição? Não. Um aviso pro meu corpo que tá na hora. Que a partir daquele momento é concentração até o dia da prova. 

Antes da largada visualizo a minha natação, vejo as ondas e imagino as transições. Repasso o objetivo do dia, os parciais de referência e quem são meus principais concorrentes. É nesse momento que dá aquele friozinho na barriga que todos nós gostamos.

Você já viu as transmissões do Tour de France? Lance Armstrong sempre arruma a bermuda no time trial individual. Ele larga, entra na posição aerodinâmica e aí dá uma puxada na bermuda com a mão esquerda. Superstição? Mania? Insegurança? Bermuda apertando? Não sei, mas ele já ganhou sete vezes o tour.

Já vi atletas com fotos dos filhos na bicicleta. Usar sempre a mesma roupa em provas (argh), fitas vermelhas no banco, capacete, orelha, sei lá. Quem lembrar de alguma me avisa. Aliás vamos fazer o seguinte, Mande seu comentário com algo curioso que já viu um atleta fazer, pode ser engraçado.

Abaixo os links das manias dos atletas:

lance armstrong  2:04 min no vídeo e outro de frente bem no começo aqui
Sharapova e Nadal por Djokovic melhor que os originais
Greg Norman´s Hole in One ele merece
Salto com Vara - Isinbaeva super atleta

Fui.... pulando numa perna só e de costas